quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Estudos Caninos

Maya (Spitz Alemão Anão)



Hierarquia e Humanização Canina


Conceito de Liderança Positiva

Acredita-se que os cães domésticos foram desenvolvidos a partir de uma espécie de canídeo específica. Porém, provavelmente, alguns cruzamentos com lobos também foram dados ao longo da história. O que se percebe é que a comunicação entre Lobo e Ser Humano é muito difícil por conta de suas características selvagens. Já os cães possuem maior sensibilidade e capacidade de interagir com outras espécies, buscando entendimento e se fazer entender.

Dado esse conceito podemos compreender que o que nos leva a perder o controle dos nossos cães é a falha comunicação, pois sempre o que está em jogo é a relação interespécie.

Algumas espécies como os macacos, os gatos e os papagaios por exemplo, também tem a facilidade de interagir com os seres humanos, mas só os cães compreendem os humanos como matilha, ou seja, trabalham juntos e interagem em prol de um objetivo em comum.

Isso nos traz aspectos essenciais de compreensão da Hierarquia Canina.

A liderança de um cão terá de ser conquistada com clareza de comunicação, coerência nas repetições e postura firme com positividade, ou seja, nunca através de imposição ou violência, pois dessa forma ele jamais irá confiar e ficar em posição de submissão ao seu tutor (líder).

Quando essas questões são invertidas os cães ficam confusos, começam a interpretar e agir por conta própria, e isso produz cães dominantes e líderes de matilha.


Humanização dos Cães

É o comportamento e a comunicação de uma pessoa com seu cão baseado na psicologia humana, ou seja, gestos e sinais que só os humanos podem entender entre si. Por isso é essencial entender e aplicar a psicologia canina, a linguagem corporal e os sinais caninos (calming signals). Um exemplo comum é ficar exageradamente passando a mão no cão. Isso no mundo canino poderá ser interpretado por ele como lambeduras e passar a informação de que ele é o líder na relação.

Não “humanizar” os pets é um aspecto muito importante para não deixá-los confusos na relação com seu tutor. Receber informações desconhecidas deixará o animal alheio à informação e o levará a tomar a iniciativa em todas as situações.


Importante: Não precisamos nos privar de nada, nem de carinhos e agrados, basta fazer a lição de casa. Se a nossa liderança positiva e hierarquia estão bem estabelecidas, o restante é garantido!

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Reflexões e convívio com Cães !!

Escolha do Cão ideal!

Ser responsável na hora de escolher um pet aumenta a qualidade de vida do cão e previne futuros abandonos. Se optar pela compra, fique atento às necessidades e características da raça do animal e escolha a que seja mais compatível com sua rotina e estilo de vida. Se optar pela adoção, procure o máximo de informações sobre o cão e faça uma avaliação das suas características antes de levá-lo para casa. A compra ou adoção de cães por impulso pode gerar arrependimento e transtornos para os pets e toda família.

Estatísticas: A grande quantidade de cães soltos e desamparados nas ruas de todo o Brasil é reflexo do alto número de abandonos e da reprodução indiscriminada entre esses animais. O que já era preocupante antes da pandemia (Covid-19) - quando muitas famílias adotaram novos bichinhos para fazer companhia – teve um aumento significante: abandonos conforme as coisas foram se normalizando, muitas pessoas não puderam mais dar a atenção e a assistência necessárias aos cães, o que gerou muito estresse para eles e consequentemente toda a família.


Dados da Organização Mundial da Saúde apontam que há aproximadamente 30 milhões de animais abandonados no Brasil, sendo 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães. Segundo estudos da Associação Amigos dos Animais de Campinas (AAAC), a falta de consciência é a principal causa do abandono. Não podemos somente relacionar o fator econômico para o abandono, a falta de conscientização e campanhas de castração também são fatores preponderantes para as procriações indesejadas. Muitas vezes, os donos também não castram seus cães que, num descuido, acabam cruzando e gerando vários filhotes que vão parar nas ruas.

Considerações gerais na hora da escolha de um Cão:

1 – Estilo de vida compatível com o cão - A primeira avaliação a fazer é saber se terá condições financeiras para manter o cão saudável em todos os aspectos, qualidade de vida e o bem-estar dele. Por exemplo, se você for uma pessoa que trabalha muito tempo fora de casa ou pratica uma vida social que fique muito tempo longe do cão, procure por cães mais independentes, que não sejam de raças muito apegadas ao convívio social. Lembrando que nesse aspecto o fator da criação também irá influenciar muito na independência deles. Cães adotados têm uma grande tendência ao apego excessivo, entendendo-se que, muitas vezes, eles foram maltratados e abandonados por outras pessoas.

2 – Adaptação em cada fase da vida do cão – Quando levamos um animal de estimação para casa, independente da sua idade, devemos dedicar tempo até que ele se habitue à nova rotina. Levando-se em consideração a idade do cão, filhotes e idosos exigirão muito mais atenção e cuidados até que se adaptem à nova matilha e seu espaço nela. Faça essa adaptação sempre de forma natural e tranquila. A adaptação é um processo que requer paciência, pois, nas primeiras semanas, ele perderá suas antigas referências e novas rotinas poderão ser aprendidas. A nova família precisará dedicar bastante atenção e mostrar como se portar e o que espera dele – assim como a família também deve se adequar ao comportamento e necessidades do animal. Os cães idosos sofrem mais com essa adaptação, pois, muitas vezes, eles estavam há muito tempo com outra família, tinham segurança e atenção e, de repente, perdem toda essa referência. Quem adota um cão idoso tem a missão de recuperar a confiança que ele perdeu nessa transição. Porém os cães idosos normalmente são muito gratos a quem os acolhe na velhice, retribuindo com muito amor e carinho.

3 – Fator energia do cão – Um passo muito importante para tomar a decisão de adotar um cão é ter certeza de que sua nova família terá condições de gastar a energia necessária dele. Não importa o tamanho do cachorro. Todos precisam de espaço para se exercitar e explorar ambientes – uns mais, outros menos. O gasto de energia traz equilíbrio, relaxamento e bem-estar. Cães de porte grande necessitam de espaços maiores, mas os de pequeno porte também precisam de locais onde possam se exercitar, explorar e praticar atividades que aumentem a qualidade de vida. Pets que vivem em espaços maiores como quintais e jardins gastarão energia com mais facilidade; do contrário, ficarão mais dependentes das saídas com seu dono. Mas é muito importante ressaltar que, mesmo vivendo em espaços maiores, o estímulo dos donos para realizar atividades e a interatividade são necessários. Os pets que não vivem em grandes espaços precisam ser levados com bastante frequência aos passeios e em locais que eles possam correr e se socializar com outros cães. Passeios nunca são demais, duas vezes ao dia seria uma boa quantidade para uma vida mais saudável, física e mentalmente falando.

4 – Tipo de atenção e carinho que os cães necessitam – Há quem adote ou compre um pet por impulso ou mesmo por um pedido de um filho, mas, independente do motivo, deve-se ter em mente que os cães são seres sensíveis e apegados à sua “matilha”. A necessidade de atenção dos cães é diferente da dos humanos, eles precisam fazer parte de atividades funcionais com os membros da sua família, serem úteis e terem um propósito de vida. Os “mimos” para eles não importam tanto, ou seja, carinho para eles é interatividade. Temos que ter a consciência de que os cães não podem ser esquecidos e deixados de lado quando não forem mais novidade, ter um cão é estilo de vida. Para as crianças, deve ficar bem claro que os pets não são brinquedos – precisa ter respeito com eles. Quando há um relacionamento de respeito e cuidado, cumprindo tarefas e responsabilidades com o cão, a qualidade de vida de todos melhora.

5 – Segurança e Limpeza – Planejar antes os locais estratégicos de que o cão vai necessitar. Ter certeza se poderá proporcionar ao cão um espaço adequado para relaxar, dormir, se está protegido de temperaturas extremas e com segurança. Local exclusivo para fazer as necessidades, longe de onde dorme e come. Manter sempre esse local limpo para evitar contaminação e doenças também deve ser planejado. Além da manutenção para locais limpos, também deve ser constante a limpeza do próprio animal, o que demanda escovação, banhos constantes e tosa - dependendo da raça -, para a remoção de pelos mortos e nós que possam causar desconforto e eventuais problemas com parasitas. Todos esses cuidados criarão afeto e um enorme vínculo entre cão e dono.

6 – Saúde clínica e cuidados veterinários – Fazer um levantamento dos custos anuais de despesas médicas e de saúde também é um fator muito importante. Muitas pessoas adotam pets sem fazer um levantamento financeiro adequado e depois se desfazem dos animais por não poderem cumprir com as obrigações básicas de saúde deles. A rotina de cuidados deve contemplar desde as vacinas obrigatórias até as opcionais, recomendadas conforme o ambiente em que o cão vive. Igualmente importantes são a vermifugação – essencial na prevenção de doenças e controle de pulgas e carrapatos – e as consultas veterinárias frequentes de acordo com cada cão. Investir em uma alimentação adequada e de qualidade também é muito importante para uma boa saúde do pet.

7 – Raça e Porte do cão – O fator beleza não pode ser o único requisito levado em consideração na hora de decidir por uma raça. Muitas vezes, temos o sonho de conviver com uma raça específica, pela beleza ou características próprias, mas procure saber quais demandas a raça exige, veja se será possível atendê-las. Para quem vive no campo ou em casa com terreno grande, cães de porte médio e grande são mais adequados. Na cidade e quem mora em apartamento ou casa pequena, cães menores são mais fáceis de manusear. Um Pit Bull, por exemplo, não é indicado para apartamento, enquanto um Yorkshire correria muitos riscos em uma fazenda. Além do porte, vale considerar o temperamento e o nível de energia da raça, se costuma ser mais reservada com estranhos ou se é de fácil socialização. Isso ajudará no bom convívio com vizinhos e amigos.

Importante: Procure saber se o cão veio de um canil ou abrigo idôneo, para não contribuir com as “fábricas” de filhotes.

8 – Despesas extras – É fundamental saber que além das despesas essenciais comentadas na matéria, existem outras que acabam incorporando nos nossos custos. Contratação de um profissional adestrador para cuidar dos ensinamentos e disciplina do cão. A manutenção de objetos e utensílios de uso do cão. Custos de hotéis, creches ou profissionais para poder viajar ou melhorar a socialização com outros cães. Doenças ou acidentes inesperados que possam gerar custos de consultas extras, medicamentos, exames, procedimentos cirúrgicos e outros tratamentos.


quinta-feira, 20 de julho de 2023

 Instinto e Interatividade

Instinto

É muito comum as pessoas não entenderem o quão importante é para o seu cachorro conviver com fatores que relembrem a origem do seu instinto animal.

Sendo esse um dos aspectos mais abordados pelo adestramento, uma vez que as pessoas que procuram um profissional da área tendem a humanizar o seu cão e transferir a eles os problemas tipicamente humanos. Com base nesse cenário, temos algumas opções que proporcionam ao cão, um pouco do que ele viveria em seu hábitat natural.

Ao considerarmos essas opções, podemos concluir que nenhuma delas chega tão perto dessa vivência quanto as trilhas, que acontecem na natureza e, por causa disso, fazem com que o cão sinta alegria e leveza perante os sons, odores e texturas desse ambiente, além de fazê-lo gastar a quantidade necessária de energia (o que é impossível dentro de um apartamento) e também despertar os principais conceitos de convivência: matilha e socialização.

Fazer o conceito de matilha voltar à vida do animal é um dos melhores agrados que o dono pode dar ao cachorro e isso é um dos principais benefícios da trilha. Porém, não se pode esquecer que, da mesma forma que seus instintos o guiam na mata, procurará exercer em sua residência, ou seja, precisamos considerar o que diz os instintos primitivos dos cães para podermos viver em harmonia. A socialização, uma consequência da vida em matilha, também deve ser trabalhada todos os dias com o intuito de manter um bom comportamento.

É importante ressaltar que todos os cães, adestrados ou não, podem participar dessas atividades ao ar livre, as quais geralmente são realizadas em mata fechada e parques. Portanto não deixe de levar seu cão às trilhas e, com o tempo, será possível perceber como ele se torna mais equilibrado emocional e fisicamente.


● A trilha é importante para manter o equilíbrio de qualquer cachorro.

● Seus principais benefícios são: resgatar a convivência em grupo (matilha), socialização com outros cães, despertar o instinto natural do animal, gastar energia e manter seu bom comportamento.





Interatividade

Além das trilhas que possuem o objetivo de trazer o animal de volta à natureza e ao seu hábitat natural, é possível resgatar parte dos desafios da mata no enriquecimento ambiental, técnica feita por meio de brinquedos inteligentes que têm níveis de dificuldade a serem vencidos pelos animais. O mais interessante dessa prática é que eles acabam se divertindo em uma brincadeira séria e gastando energia de uma forma diferente do habitual.

No caso dos cães, além de serem desafiados pela brincadeira, eles recebem muitos outros ensinamentos através dela, já que têm a memória aprimorada, os conceitos de obediência reforçados (o que é muito bom para os que têm problemas de comportamento), a concentração e coordenação motora trabalhados. Como todos esses fatores exigem muito deles, é indicado brincar por apenas 20 minutos (sendo que esse tempo pode ser repetido durante o dia), independentemente de o cão conseguir ou não vencer as dificuldades propostas.

É necessário ressaltar que é muito importante o dono interagir e permanecer com o animal durante a atividade, sem permitir que ele mastigue o brinquedo ou se sinta desmotivado. Por isso use um petisco no brinquedo, escolha horários entre as refeições e não deixe, nunca, de incentivá-lo a brincar e a seguir em frente, afinal, tudo é questão de treino! Não deixe de proporcionar esses momentos ao seu melhor amigo.

● Enriquecimento ambiental é uma forma divertida e diferente de o cachorro gastar energia.

● Enriquecimento ambiental resgata parte dos instintos naturais do cachorro, já que envolve vários desafios.

● É necessário que o dono esteja presente e participe da brincadeira, assim como deve incentivar o cão e não demonstrar ansiedade ou frustração.

● É preciso treinar praticamente todos os dias com os cachorros para se perceber uma melhora na obediência, memória e coordenação motora.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

O dia a dia do adestrador, dos cães e dos tutores com muita saúde física e mental pra todos !!


O Aslan (lhasa) demonstrando ótima expectativa para iniciar os treinos.
 


A Raya (pastor tervuren) com grande interesse e disposição durante os treinos.



O Negão, a Neguinha e o Léo relaxados após os treinos.  


segunda-feira, 3 de outubro de 2022

FILHOTES, curiosidades!

Algumas características que os cães apresentam na fase mais importante da vida.


Quando um filhote de cão chega numa nova família, é um mundo novo pra ele e para os tutores. O cãozinho está descobrindo tudo ao seu redor e completando o seu amadurecimento. Portanto, ele passa por muitas mudanças rapidamente. Muitas vezes o filhote fica com medo, não interage muito com as pessoas. Nesse momento é muito importante fazer uma adaptação positiva com tudo e com todos os indivíduos da nova “matilha”. A socialização correta nessa fase é essencial para ajudar o filhote a superar os desafios e se desenvolver positivamente. Aprender a atender pelo nome, fazer as necessidades no local sugerido, tomar banho, ser manuseado e saber quais objetos ele poderá interagir.


Existe um melhor momento para fazer a socialização?

O melhor período para fazer a socialização do filhote é dos 2 aos 4 meses de idade. Nesse período ele já está bem receptivo a tudo. Nesse período é importante que ele conheça o maior número de pessoas, animais e lugares possível. Mas é importante que seja feito com tranquilidade, segurança e com animais receptivos e vacinados.

Filhote até quando?

Os cães são considerados filhotes até os seis meses de vida, quando devem atingir a puberdade. No caso das fêmeas, a puberdade chega quando entram no cio. No caso dos machos, ocorre quando começam a levantar a pata para urinar e marcar território. Os cães de raças grandes podem manter-se filhotes até 1 ano e meio de idade. Nas raças gigantes podem levar até 2 anos.


A cor dos olhos sempre muda?

O tom azulado dos olhos nos primeiros dias de vida do cão não é definitivo. Isso ocorre porque o olho do filhote, ao nascer, não está completamente desenvolvido. Chega ao amadurecimento 
entre 2 e 4 meses de idade.

 Leite só da mãe?

O cachorrinho só deve tomar leite materno ou, no caso de não ter essa possibilidade, um substituto indicado pelo veterinário. O leite de vaca não tem todos os nutrientes necessários para o cachorro e ainda pode causar diarreia.


Quando fazer o desmame?

O filhote deve ter pelo menos 60 dias para desmamar da mãe. Entre 3 a 4 semanas de vida eles começam beliscar a ração, mas só estão completamente desmamados aos 2 meses de vida. Este é o momento em que ele poderá ser separado da mãe e seus irmãos, porém, por questões de socialização, é indicado que ele fique até os 90 dias com sua ninhada antes de ser levado a uma nova família.

Normal dormir tanto?

Os filhotes dormem muito tempo, chegando a 16 horas por dia. A rotina normal do pet após acordar é, se alimentar, fazer as necessidades, brincar um pouco e dormir muito novamente. Filhotes sempre devem estar dispostos a interagir quando estão acordados. O contrário pode ser sinal de algo errado!

Traumas na fase de filhote afetam a vida adulta?

O filhote em seus primeiros meses de vida é muito sensível, e seu contato com o mundo, as pessoas e outros animais deve ser acompanhado com cautela. “Tudo o que um cão passa na fase de filhote irá refletir no seu comportamento quando adulto”. Experiências boas ou ruins irão aflorar, depende somente da forma que seus donos estão interagindo, brincando, socializando e educando. É fundamental que o cão tenha segurança e momentos positivos em todas as situações para que ele associe tudo da melhor forma possível. Manuseio errado e excesso de punições violentas fatalmente vai gerar traumas.

É normal um filhote apresentar agressividade?

Brincadeiras mais intensas são normais, mas comportamentos agressivos devem ser bloqueados pelo seu dono. Alguns cães se impõem mais do que outros e devem ser corrigidos, porém sem gerar traumas. O tutor não pode aceitar rosnados e agressividade quando for manusear o cão, retirar um objeto da boca ou mexer na ração, por exemplo. O filhote precisa estar completamente submisso para poder corresponder positivamente ao seu dono. Isso deve ser ensinado desde cedo, com naturalidade e firmeza.


E o mais importante, o vínculo! 

O filhote não precisa de muito tempo para estabelecer um laço de afeto e vínculo com seu tutor. Em poucos dias o cãozinho começa a compreender quem cuida dele, interage e o alimenta. Isso faz com que o cão comece a seguir mais uma pessoa ou outra dentro de casa. Se o dono realizar atividades com regularidade, trazendo troca de comunicação, informação e promovendo novos desafios ao cão, ele estabelecerá um vínculo positivo e de confiança. Mas não podemos esquecer que os cães precisam interagir como cães, ou seja, praticar atividades próprias da sua espécie, que desenvolvam seus instintos e aumente sua qualidade de vida. Um vínculo positivo de confiança bem estabelecido, sempre será o fator determinante para uma boa comunicação entre cão e dono.

quarta-feira, 6 de julho de 2022

Lobo e Vaco

Truques para educar seu cão


Treinos rápidos para tutores que têm a vida muito agitada

Muitas vezes o cão se torna muito agitado ou ansioso e não obedece a um simples pedido. Esse mau hábito se formou por desconhecimento de algumas técnicas de educação canina. O interessante é que, mesmo quem tem um dia muito corrido, pode educar seu cão em casa a ponto de ele se tornar uma referência de bom comportamento.

Hierarquia: Faz parte do universo canina saber e entender a posição deles no grupo onde estão inseridos. Logo cedo eles tentam entender se “lideram” ou se são “liderados” dentro do contexto de “matilha”.

O que se vê frequentemente são os cães tratados como filhos mimados, sem limites. O resultado do excesso de liberalidade tende a ser o desenvolvimento de maus hábitos. As chances de um cão criado sem limites se tornar desequilibrado, latir muito, pular ou morder os donos para obter controle, são elevadas.

Ozzy Osbourne
Treinos práticos

1. Valor do “reforço negativo”

Desde o primeiro contato e a chegada do cão em casa, deve ficar bem claro para ele o que não deve fazer. O “não”, o “toque”, o “gesto” ou um “som com a boca”, podem ser recursos para o tutor utilizar na hora de indicar as coisas que ele não pode fazer. Naturalmente os cães prestam mais atenção nas expressões e gestos corporais, e só em seguida na vocalização. Portanto, para que a bronca funcione, o seu corpo também tem que se comunicar com o cão. Não seria usar ódio ou agressividade, basta olhar diretamente nos olhos do seu cão e com uma entonação de voz ser firme em determinada situação.


2. Recepção em casa

Chegadas e saídas de casa devem ser sempre em clima calmo e tranquilo, pois se o cão entrar em euforia, o tutor deve acalmá-lo. A recompensa, o carinho e a atenção devem ser feitos quando o animal estiver bem calmo e equilibrado. Cães que latem incessantemente ou que urinam de excitação com a chegada de alguém dão sinais de ansiedade excessiva.


Atena

3. Interação e passeio

Toda atividade começa antes de apresentar um objeto ou colocar algum equipamento de passeio como a coleira. Aguarde o “time” certo, quando o cão estiver tranquilo e calmo, se ele estiver muito agitado ou ansioso não prossiga com a atividade. Na rua, não permita que seu cão lata desesperadamente para outros cães e pessoas. Se isso ocorrer, interrompa imediatamente a caminhada. Para isso, use os sinais de controle para bloquear esse comportamento. A regularidade das atividades, passeios e interações é importante no processo educativo. Promove a socialização e, com isso, contribui para a maior naturalidade na aceitação de outros cães e pessoas.



Ron Wood
4. Saúde mental do seu cão

Aproveite os tempos livres para interagir com seu cão, isso aumenta o vínculo e cumplicidade de ambos, o que contribuirá positivamente para o bom comportamento dele. Os passeios podem ser prolongados, ganhar novos percursos e destinos. As atividades e comandos de obediência podem ser praticados como brincadeiras. Essas interações são importantes para proporcionar a saúde psicológica e física do cão. Cachorro cansado é mais feliz e dá menos trabalho em casa.

5. Interações rápidas

Pequenas interações durante o dia são mais um recurso precioso para aumentar a cumplicidade com o cão e mantê-lo emocionalmente equilibrado. Interações rápidas como brincar de busca com bolinhas ou objetos é uma ótima atividade para exercitar o cão, mesmo em espaços pequenos. Esconder comida pela casa para o animal encontrar exercitando o olfato estimula a concentração pet e o distrai, deixando-o mas equilibrado psicologicamente.

6. Aprender a ficar sozinho

Se o cão ficará dentro de casa sem nenhuma companhia procure amenizar a falta de distração típica dessas situações. Guarde brinquedos exclusivos para essas situações, interativos como bolas que desafiam a cognição e habilidades para retirar petiscos de dentro delas, coco verde e garrafas pet para destruírem ou qualquer objeto que prenda a atenção do cão por um bom tempo. Não cometa o erro de fazer “sessão” de despedida. Isso só aumenta o sofrimento do animal nos momentos de solidão. Se frequentemente o cão viva sozinho, considere a possibilidade de trazer outro animal para lhe fazer companhia. A convivência em bando faz parte do instinto de matilha dos cães. Porém, procure analisar as condições gerais e qual raça e sexo seria melhor para conviver junto ao seu cão.

Thor
7. Treino de obediência

A obediência básica faz toda diferença para controlar o cão nas mais diferentes situações, inclusive nas práticas de exercícios. Os comandos aprendidos em treinamentos fazem que o animal tenha mais foco e atenção ao seu tutor, saiba aguardar comandos específicos e executar na hora certa. Dentro dos treinamentos o cão fica condicionado a certos comportamentos como caminhar junto e ao lado correto do seu tutor. Os comandos são praticados de maneira correta nas interações e brincadeiras aumentando a comunicação e o vínculo com seu dono.

8. Educação com consistência

O tutor e os demais moradores da casa precisam adotar os mesmos comandos e as mesmas permissões e proibições da casa para que o treinamento fique claro para o cão. A falta de consistência na educação, como quando se permite subir no sofá às vezes e, em outras vezes, proíbe, é uma das causas mais comuns de cães “mal-educados”. Sem saber claramente o que se espera dele, o animal fica inseguro e o aprendizado se torna difícil. Então, defina bem as regras com todos os membros da casa e coordene para que todos sejam consistentes. É mais fácil para o cão entender quando a regra fica bem clara.


Zeus
Mau hábito persistente

Em geral, os problemas comportamentais caninos resultam de educação incorreta e erros de manejo praticados pelo próprio tutor.

Se mesmo com todas as dicas e orientações de educação e obediência canina persistir algum problema comportamental em seu cão, a melhor forma de conseguir ajuda é através de um especialista em comportamento canino, pois muitas vezes o comportamento está muito viciado ou pode haver traumas pelo manuseio incorreto. O trabalho do profissional é identificar a causa do problema e passar orientações e técnicas aos tutores do animal para que eles mesmos consigam fazer as correções no seu pet. Muitas vezes, esse trabalho inclui mudanças na forma de os tutores lidarem com seu cão!



sábado, 29 de janeiro de 2022

Calming Signals

Chewie
Sinais calmantes: A arte da sobrevivência!

Calming Signals ou sinais calmantes é um termo concebido pela treinadora de cães e etóloga canina norueguesa, Turid Rugaas, para descrever os padrões de comportamento usados ​​pelos cães ao interagir uns com os outros em ambientes que causam estresse elevado e ao transmitir seus desejos ou intenções. O termo tem sido usado de forma específica como "sinais de apaziguamento". Sinais de apaziguamento são formas comunicativas usadas por cães para diminuir a intensidade de encontros agressivos ou para prevenir completamente o desenvolvimento de encontros agressivos. Os sinais calmantes são realizados por um cão (remetente) e direcionados para um ou mais indivíduos (destinatários), que podem ser cães ou indivíduos de outras espécies, como humanos. Quando os sinais de calma são ignorados, um cão pode exibir sinais de alerta de agressão, e isso tem o potencial de se transformar em conflito direto entre os indivíduos.

A domestificação de cães por humanos alterou significativamente os padrões comportamentais observados em espécies ancestrais, como o lobo ( canis lupis ). Os cães desenvolveram mudanças na linguagem corporal, bem como alterações nas exibições auditivas e olfativas ao longo de cerca de 30.000 anos, e muitos desses padrões comportamentais modificados podem diferir em significado, dependendo da espécie do receptor desse sinal pretendido. Sinais calmantes podem ser liberados por um indivíduo voluntariamente, ou podem ser uma resposta involuntária a estímulos ambientais como resultado de mudanças induzidas pelo estresse na química do corpo, como a liberação de um odor do corpo quando ansioso.

História

No passado, estudos sobre comportamento social em lobos foram usados ​​para fornecer informações sobre padrões de comportamento social em cães domesticados. Embora o cão domesticado “canis familiaris” seja descendente de lobos “canis lupis” e, portanto, compartilhe 
certas semelhanças, diferenças distintas na morfologia e no ambiente em que as duas espécies evoluíram podem causar a transpiração de conclusões imprecisas sobre padrões de comportamento de comunicação em cães domesticados ao aplicar o conhecimento adquirido 
pelo estudo de lobos. Assim, o agrupamento de espécies ancestrais e descendentes não é considerado um método apropriado para estudar sinais calmantes em espécies domesticadas de cães.

O estudo para comportamento agressivo em cães domésticos varia do dos lobos. A maioria das raças de cães domésticos são menos propensas a se envolver em comportamento agressivo do que suas contra-partes ancestrais e, portanto, são mais propensas a exibir sinais calmantes para difundir o conflito. Em raças de cães que diferem muito da morfologia do lobo, como os pugs, sinais visuais estarão ausentes ou altamente modificados, pois não têm mais capacidade física ou meios para transmitir esses sinais. A neo-enia também pode explicar a perda de certos sinais visuais em cães domésticos e a retenção de novos sinais nas gerações subsequentes.

Tipos de Sinais Calmantes

Os cães usam indicadores visuais, auditivos e olfativos para se comunicarem com sua própria espécie e, também com outras, como os humanos por exemplo. A maioria dos sinais calmantes estudados são os visuais e às vezes são acompanhados por sinais auditivos, ou seja, um gemido agudo pode ser acompanhando de um bocejo.

Exemplos de comportamentos classificados como sinais calmantes:

· Virar a cabeça
· Suavização dos olhos
· Afastando-se
· Lamber os lábios e/ou nariz
· Congelamento do corpo
· Movimentos corporais lentos
· Exibindo um arco de jogo
· Sentado
· Deitado
· Bocejo
· Cheirar o chão
· Andando em uma curva
· Abanando o rabo em uma posição baixa
· Reduzindo o tamanho do corpo
· Lambendo a boca do destinatário
· Piscando
· Estalando os lábios
· Levantando uma pata


Os padrões comportamentais listados acima têm potencial para serem usados ​​como sinais calmantes, mas só são classificados como tal no contexto apropriado. Por exemplo, um cão deitado quando descansando não seria considerado um sinal calmante, mas um cão deitado quando abordado por outro cão já poderia ser considerado um sinal. Assim, os sinais calmantes são respostas comportamentais dependentes do contexto ao ambiente de um cão.

Nem todos os sinais calmantes têm a mesma eficácia de evitar encontros agressivos ou transmitir a intenção de um cão, pois os cães exibem preferencialmente certos sinais calmantes em detrimento de outros, dependendo de fatores externos, como a distância entre o remetente e o destinatário do sinal e a familiaridade do destinatário ao remetente. É mais provável que um cão exiba um sinal calmante quando estiver interagindo diretamente com outro cão e quando os cães estiverem separados por uma pequena distância. Lamber os lábios é um sinal calmante cujo uso aumenta em frequência à medida que a distância entre o remetente e o destinatário diminui. No entanto, cheirar o chão e bocejar, que são considerados sinais calmantes, são exibidos com mais frequência quando a distância entre o remetente e o destinatário aumenta. Sinais calmantes mais comuns exibidos por cães em geral são de congelar, lamber o nariz e virar o corpo para longe da fonte da escalada, ou seja, um cão mostrando os dentes ou rosnando.

Interações cães/humanos:

Cães domésticos exibem sinalização interespécie, especialmente aos humanos. Como os cães domésticos coabitam o mesmo ambiente que seus donos, os humanos são seus principais parceiros sociais, e há um grande nível de interação entre os dois. Lamber os lábios e desviar o olhar são comportamentos categorizados por sinais calmantes que são usados ​​por cães em interações entre espécies e interespécies e, em ambos os casos, acredita-se que sejam usados ​​para apaziguar o destinatário. Lamber os lábios é usado como um comportamento de saudação para estabelecer uma base pacífica para futuras interações.

Compreender os sinais calmantes caninos é crucial para experimentar interações positivas com os cães. Crianças com menos de seis anos de idade são menos propensas a interpretar corretamente os sinais de calma auditivos e visuais exibidos por cães e, por isso, têm maior probabilidade de se tornarem vítimas de um ataque de cão. Nos casos em que as crianças não conseguem interpretar e responder adequadamente os sinais calmantes, a interação cão-humano provavelmente aumentará e o cão poderá apresentar comportamentos agressivos, como morder.

Contato postural e visual
Interações entre espécies:

O encontro de dois cães, o cão “remetente” exibi comportamentos calmantes, suavizando os olhos e reduzindo o tamanho do corpo. Esses sinais são frequentemente usados ​​por cães em pré-conflito para evitar comportamentos agressivos e recuperar um ambiente social pacífico. Os cães desenvolveram mecanismos sociais de pacificação para aliviar, prevenir ou resolver conflitos. Alguns desses mecanismos de comportamento são sinais calmantes.

Grupos sociais de cães exibem dois tipos de padrões de comportamento de sinais calmantes pós-conflito: os dois oponentes do conflito exibem os sinais calmantes (reconciliação), ou entre um terceiro membro do grupo social (afiliação pós-conflito iniciada por terceiros).

A familiaridade e a distância entre dois indivíduos afetam a frequência do uso de sinais calmantes e os tipos de sinais usados. Sinais calmantes são usados ​​entre cães para evitar a escalada de um encontro agressivo. Os sinais calmantes entre espécies podem ser voluntários, como lamber os lábios, ou involuntários, como a liberação de odores das glândulas durante interações de alto estresse. Em ambos os casos, o receptor recebe o sinal, entende seu significado e age de acordo com essa informação, muitas vezes tomando medidas para amenizar o ambiente estressante, alterando sua linguagem corporal ou comportamento. Sinais calmantes não são exibidos em interações entre espécies quando o nível de agressão ou ameaça excede o limite de agressão do remetente. Nesses casos, os cães são mais propensos a confiar em comportamentos submissos. Sinais calmantes só são úteis para um cão quando há uma probabilidade grande o suficiente de que a direção do encontro possa ser alterada para diminuir a agressividade.